No meu transporte de pensamentos que me leva embora de Coimbra ou me traz de regresso, peguei no meu caderninho e escrevi sobre uma cena que me intrigou.
"Hoje deparei-me com uma situação onde senti as diferenças.
Estava a subir o elevador da estação do Oriente e 2 mulheres (não lhes vou chamar senhoras de modo algum) iam comigo... até aqui tudo normal.
...normal até elas terem aberto a boca!
Em cima dos seus saltos altos, mãe e filha de aparência idêntica, até no tom de louro oxigenado pintado, começam a refilar por causa do elevador que usaram para subir UM andar (a palavra "escadas" não deve existir nos seus vocabulários).
"lentíssimo"
"que horror,que NOJO"
"até cheira mal" (a tapar o nariz)
"esta gentinha, credooo"
tocando com a pontinha do dedo no botão do andar,
no meio do elevador a olhar e a evitar as paredes como se estas estivessem cheias de bichos.
Ora, quem sou eu aos olhos delas? Talvez uma menininharepugnante que tem roupas da Zara vestidas, "QUE NOJO"!
Tenho mesmo pena por não saberem ser alguém com decência ou, no mínimo, por não saberem estar!
Comparo-as ao rapaz que toca flauta pelas ruas do Chiado, com gosto, simpatia e educação e vejo que entre pobres e ricos não há um método de avaliação sobre ser genuíno e ter carácter.
04-02-2010
Raquel Macedo
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