Estou no comboio.
A mudar de lugar.
E sem nada para fazer, observo esta gente que me faz companhia nesta coisa sem nada para fazer.
Estamos todos a fazer o mesmo.
Uns lêem...
outros adormecem no ombro do vizinho que faz perceber que não estão sozinhos... Adormecem pela inércia.
Ouvem música.
E o corpo não arranja maneira confortável...
Malas.
Pessoas.
A vibração e o som do movimento.
E sempre uma conversa cruzada algures nos lugares lá atrás...
A forma mais fácil de viver estas horas num ritmo parado é olhar a imagem móvel constante que está para lá das janelas...
Metade usa óculos...
As árvores dão abertas que ofuscam os olhos quando o sol passa entre elas, já num adeus do dia...
Mas pergunto-me quem são eles todos. De onde vêm. Para onde vão. São felizes? Que vivências, que momentos, que problemas, que recordações, que preocupações, que desejos, que felicidades...
Gostava de sentir a alma desta gente, gostava meeesmo de sentir.
...para partilhar, para ajudar, para sorrir, para viver com eles!
Nada mais me resta do que falar comigo mesma e deixar que o tempo passe até chegar ao meu destino e ter gente que me espera, gente minha.
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